sábado, 27 de março de 2010

Um Mestre...


Raimundo Nonato Silva, o Mestre Nato, é um artista autodidata. Em seu pequeno ateliê no bairro do Guamá, ele costura, borda, cria e experimenta, utilizando materiais de baixo custo. Uma das marcas registradas de seu trabalho são os estandartes multicoloridos que trazem pequenas narrativas. Os primeiros foram produzidos sob encomenda para o Arraial do Pavulagem; depois, para os blocos de rua do Guamá e de Mosqueiro. Premiado no Salão Arte Pará em 1996, Mestre Nato ficou conhecido pelas obras tridimensionais em madeira com revestimento de tecido.

É do cotidiano aparentemente simples que surge a inspiração para o artista. Um exemplo disso são os estandartes produzidos para os coletivos urbanos, projeto já premiado pelo IAP. "Eu via que os motoristas colocavam aquelas cortinas horríveis, feias. Eu comecei a pensar que poderia fazer umas cortinas contando lendas amazônicas, aí eu venderia pra eles, baratinho, pra que botassem uma coisa bonita, colorida, no ônibus", explica o artista. Durante a produção das cortinas, Mestre Nato chamou os motoristas para o seu ateliê, para mostrar seu trabalho a eles. Em outra ocasião, o artista produziu todo o figurino de um espetáculo utilizando folhas que caem da castanhola em frente ao seu ateliê.

Mestre Nato diz que está sempre em processo de criação. "Tenho um depósito em cima do meu ateliê, na minha casa, que eu chamo de depósito de embrião. É uma bagunça. Tudo que eu vou fazendo, vou jogando lá. Tem revistas desde a década de 70. Penso numa coisa e vou lá, porque eu sei que tem".

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