sábado, 11 de dezembro de 2010

O nascimento de Elzinha.


Elzinha perdeu a virgindade com uns 10 anos, ninguém tem certeza com quem, nem ela mesma, uma hora foi com o tio que morava na casa da avó, outra com o vizinho que o pai era piloto da Transbrasil, a verdade é que ela quando pegou o gosto não parou mais, apesar de todo histórico e exemplo, Elzinha não caiu na vida trabalhou desde moleque. Com 13 anos, quando foi tocado pelo consciente e deixou de ser menino pra ser menina, percebeu que já estava amadurecido suficiente para tomar conta da própria vida, então saiu de casa. Correu mundo, deixou de ser Francisco, pra ser Elzinha se fez certo ou errado, não sabemos, hoje é uma diva que já escreveu seu nome na história, não se sabe quantos no mundo são assim ou foram tocados por esse tal de consciente, o que se percebe é que esse evento mudou pra sempre o rumo da história dessa criatura. Aflorou seus talentos.
Era uma quarta feira de cinzas a mangueira já tinha levado o titulo, mais ainda assim comemorávamos, qual quer motivo, seria o melhor, para secar as três grades que estavam à disposição de todos, Gilberto, tio de Elzinha, estava bancando todas, e isso fazia dele o mais inconveniente de todos. O puteiro estava fechado ainda, mais Diva já havia se banhado, estava se enfeitando para trabalhar, perfumando-se, o figurino já estava estendido sobre a cama e deveria ser o mais bonito, mais sexy e romântico ao mesmo tempo, não por eles mais por ela... Era lindo ver a Diva se preparar para o oficio,
Talvez o pequeno Francisco não compreendesse o que de fato todo aquele ritual significasse, mais compreendia o como deveria ser feitos, a importância da concentração, da atenção e principalmente o foco no objetivo, percebeu que a personagem deve ser construída de forma respeitosa e sofisticada, guardou pra sempre isso.
Deixou a mãe se arrumar e foi pra casa, morava perto, eram amigos vizinhos, não existia o perigo, só um chuvisco chato que resolveu cair, ninguém correu, somente o pequeno Francisco num agito sem sentido, somente na felicidade de correr na rua chuviscando, brincando olhou pro céu, avistou um arco-íres, contou as cores, e somou oito.
Como assim oito cores? Olhou novamente. Confirmado! Oito cores. Ele não sabia dizer que cor seria essa outra, não tem como descrever era realmente diferente, mais era um arco-íres de oito cores, não teve dúvidas seguiu a descoberta sem tirar o olho, correu que lagrimou, deixou o olhar tão seguro no céu que o pescoço doía, não mais que a tensão de encontrar o fim do arco-íres, os curtos pingos de chuva lhe segavam parcialmente, o suficiente para não ver as luzes súbitas, quentes e pesadas que veio em sua direção, numa velocidade esmagadora que parou e arremessou o frágil corpinho a 33 m dali, a batida foi tão absurda que a criança foi parar do lado de dentro do puteiro, mais precisamente dentro do quarto da própria nega, o mais curioso do milagre é que ele foi achado vivo, inconsciente, dentro do guarda roupas no meio dos vestidos, sapatos, e calcinhas.
O milagre do garoto foi noticia de jornal por durante três dias seguidos, ficou internado por um mês, não sofreu um arranhão a não ser um corte raso na testa que nem precisou de ponto, ficou sete dias em coma, Naquela noite Francisco teve uma febre muito alta seguida de uma parada cardíaca que o levou para UTI, foi uma madrugada muito agitada no hospital, naquela noite, além dos bêbados vestidos de mulher e dos quebrados de briga um grave acidente rodoviário comovia toda a cidade, os feridos estavam sendo levados para lá, de modo que muita coisa aconteceu naquele final de carnaval. E entre um delírio e outro, numa troca de lençol, já que ele suava muito, Dona Maria deu por falta de um instrumento importantíssimo, o pinto do menino havia sumido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário